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Helô Sanvoy

Sem título.

2014.

Nanquim sobre camadas de papel vegetal.

78 x 138 cm.

Sem Título.

2013.

Nanquim e acrílica sobre camadas de papel vegetal.

53 x 110 cm.

Sem Título.

 2012.

Nanquim e acrílico sobre camadas de papel vegetal.

55 x 38 cm.

Sem Título.

2012.

Nanquim e acrílico sobre camadas de papel vegetal.

38 x 55 cm.

 

Helô Sanvoy: até onde ver ou até onde ler? 
 

Helô Sanvoy apresenta dois conjuntos de trabalhos bidimensionais e uma obra tridimensional, resumindo parte de sua produção entre os anos de 2012 e 2014. A proposta do artista  é exibir o desenvolvimento de seu projeto artístico com   pesquisas sobre distintos suportes e meios, como  desenho, recorte e objeto. Desta maneira ele revela como sua obra foi se construindo à medida que ia tecendo relações entre as linguagens verbal e visual, entre o visível e o legível, entre a palavra e a fotografia; esmiuçando o espaço do texto ou a estrutura gráfica da grid que separa e hierarquiza áreas de texto e de imagens; analisando aspectos que afetam o conteúdo de um texto como a leitura e a interpretação da diagramação, da repetição de padrões gráficos e do ritmo das palavras em linhas, blocos ou colunas.

 

No seu repertório estão as páginas de livro e de jornal alteradas por sua  operação de deslocamento do cotidiano, pela particular intervenção que imprime sobre esses veículos. O aprofundamento sobre os modos de leitura é o que sustenta sua poética, e não o interesse pelo texto em si ou pela estética da palavra grafada. 

 

A série de sete desenhos Sem título executados a nanquim sobre papel vegetal de diversos tamanhos e tonalidades, registram as marcações de leituras empreendidas pelo artista sobre textos diversos; são constituídos por linhas de pequenas extensões e com espessuras diferentes, por registros de paginações cujos textos foram subtraídos, por formas geométricas de intensa presença plástica que intensifica a pulsante e dinâmica estrutura construtiva dos trabalhos, organizada em torno da linha que cria colunas, blocos, espaços e sequências de manchas gráficas de preto sobre branco. Helô Sanvoy age com certa economia de ações, mas age também pelo excesso e pela saturação por meio da acumulação de muitos desenhos em um só, da superposição de páginas cujas transparências revelam as páginas antepostas criando a memória de um palimpsesto, ilegível, mudo, sem palavras, mas cheio de ritmos musicais, de espessuras de pensamento, de lembranças e de apagamentos. Diante deles me pergunto: seriam anotações, citações, epígrafes, destaques ou rasuras que o artista-leitor promoveu sobre os textos e que guardam os vestígios de suas leituras?

 

Nos trabalhos da série Notícias populares, executada a partir de recortes em folhas de jornais, Helô Sanvoy também opera por subtração para criar outro viés de leitura das informações publicadas nas páginas. É relevante considerar seu processo artístico como uma operação de formação de uma hemeroteca, o que implica em considerar práticas que às vezes não vemos, mas que são intrínsecas aos trabalhos, tais como retirar de circulação, arquivar, colecionar, selecionar dados, criar problemáticos sistemas de catalogação sejam visuais sejam semânticos. Do conteúdo das páginas o artista retira o texto que compõe manchetes, notícias, notas, legendas, anúncios, além dos nomes dos jornais e das datas de publicação. Sobram apenas as imagens, que desamparadas do significado que os textos lhes conferiam ficam suspensas numa zona turbulenta e descontextualizada, abertas às mais diferentes leituras que o espectador-leitor possa criar, preenchendo com sua imaginação as lacunas deixadas vazias pelo recorte do artista. Em alguns trabalhos desta série as superposições de páginas recortadas em camadas sucessivas criam labirintos intrincados de espaços vazios de informações, onde a ausência de sentido se revela. Há um teor político na operação do artista à medida que manipula os discursos da mídia esvaziando-os e criando campos interpretativos nos quais pairam dúvidas sobre o que é fato e o que é notícia, o que é verdade e o que é ficção, o que é manipulação de ideias e o que é liberdade de expressão.

 

Diferentemente dos trabalhos anteriores, Im-Prensa possui um peso muito mais forte na palavra, que é enfatizado em seu título. É um objeto confeccionado com uma pilha de jornais prensados  entre duas tábuas de MDF e presa nos quatro cantos por grampos de metal. É uma poesia visual com materialidade e fisicalidade tridimensional, na qual o conteúdo e a forma se fundem com naturalidade no simples arranjo dos objetos do cotidiano, apropriados e deslocados para uma estrutura formal na qual a palavra adere como parte constituinte e não somente como nomeação.

 

Divino Sobral.

 

 

Nasceu em Goiânia/GO (1985). Vive e trabalha nesta cidade. Formação: Licenciatura em Artes Visuais pela Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás. É membro do Grupo EmpreZa. Recebeu as seguintes premiações: Prêmio Aquisição do 21º Salão Anapolino de Artes, Galeria Antônio Sibasolly, Anápolis/GO (2015). Prêmio Aquisição do 18º Salão Anapolino de Artes, Galeria Antônio Sibasolly, Anápolis/GO (2012); Menção Honrosa do 11º Salão nacional de Artes de Jataí, Museu de Arte Contemporânea de Jataí, Jataí/GO (2012); Prêmio Aquisição do 7° Salão de Artes Plásticas de Suzano, Suzano/SP (2011). Realizou as exposições individuais: Notícias populares, Casa da Cultura da América Latina, Brasília/DF (2014); 6 x Simultânea, Museu de Arte Contemporânea de Goiás, Goiânia/GO(2014). Participou entre outras das seguintes exposições coletivas:Das dores do corpo, Museu de Artes Plásticas de Anápolis, Anápolis/GO (2015); Triangulações, Centro Cultural UFG, Goiânia/GO; Museu de Arte da Bahia, Salvador/BA; Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural Dragão do Mar, Fortaleza/CE (2015); Mutations,Ttiwani Contemporary, Londres, Inglaterra (2014);Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro/RJ(2014); Pororoca: a Amazônia no mar, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro/RJ (2014); O cânone pobre – uma arqueologia da precariedade na arte, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS (2014); Como refazer o mundo, Galeria Luiz Fernando Landeiro, Salvador/BA (2014);13° Salão Nacional de Arte de Itajaí, Casa Konder, Itajaí/SC (2013); Salão de Arte de Mato Grosso do Sul, Museu de Arte Contemporânea do Mato Grosso do Sul, Campo Grande/MS (2012); Como integrante do Grupo EmpreZa recebeu as seguintes premiações: Prêmio Marcantônio Vilaça de Artes Plásticas (2015); Prêmio Aquisição do I Prêmio Jovem Arte Matogrossense, Palácio da Instrução, Cuiabá/ MT (2012); Grande Prêmio do 31º Arte Pará, Belém/PA (2012); participou da exposição individual Eu como você, do Grupo Empreza, no Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro/RJ (2014); e da coletiva Terra Comunal: Marina Abramovic + MAI, SESC Pompéia, São Paulo/SP (2015).

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